Neospora caninum - Neosporose

A neosporose é uma doença relativamente nova e causada pelo protozoário Neospora caninum. Até 1988, esse protozoário era confundido com um outro parasita, o Toxoplasma gondii. Após a descrição da espécie (DUBEY et al., 1988), a neosporose tem emergido como um sério problema, principalmente na bovinocultura (DUBEY et al., 2007).

Neospora caninum, assim como o T. gondii, é um parasita coccídio que possui uma ampla variedade de hospedeiros, por exemplo: bovinos, búfalos, cervídeos, ovinos, equinos e cães. Diferentemente da toxoplasmose, a neosporose é uma doença primariamente de bovinos, e os cães são hospedeiros definitivos do agente etiológico (DUBEY et al., 2007).

A neosporose constitui uma enfermidade de importância econômica universal, sendo a principal causa de abortos na pecuária de corte e leite em diversos países. Além dos prejuízos diretos associados com a perda dos fetos, os custos indiretos associados a enfermidade incluem despesas com veterinários, com o estabelecimento do diagnóstico, diminuição na produção de leite e com a reposição dos animais, quando as vacas que abortaram são abatidas (ORTEGA-MORA et al., 2006).

O protozoário apresenta um ciclo de vida heteroxeno, possuindo os cães como hospedeiros definitivos (HD) e os bovinos como hospedeiros intermediários (HI). Os cães são infectados ao ingerir tecidos do HI com parasitas na sua forma cística. Em seguida, ocorre a fase sexuada no HD, com a multiplicação do parasito no intestino dos cães, e a liberação de oocistos não esporulados nas suas fezes. Por outro lado, o HI se infecta ingerindo água ou alimentos contaminados com fezes do HD, as quais contém os oocistos esporulados. No estômago do HI, os oocistos se rompem por ação mecânica, liberando os esporozoítos. Esses invadem os tecidos e sofrem multiplicação assexuada, originando taquizoítos móveis. Os taquizoítos são encontrados em desenvolvimento dentro de vacúolos parasitóforos de várias células, tais como: neurônios, macrófagos, fibroblastos, miócitos. Depois de um período, esses taquizoítos se transformam em bradizoítos e se encistam. Os cistos são localizados principalmente nos tecidos nervosos centrais e periféricos e podem ficar em latência por meses ou anos, restabelecendo o ciclo quando consumidos por um HD. Além dessa forma de transmissão, taquizoítos de N. caninum podem ser transmitidos por via transplacentária. Vale ressaltar que essa via de transmissão é a principal forma de propagação do N. caninum em bovinos (DUBEY et al., 2007; CERQUEIRA-CÉZAR et al., 2017).

As medidas de controle da neosporose são complexas. Em fazendas livres do parasito, a prevenção da introdução dessa enfermidade é o principal objetivo. Nesse sentido, é essencial que os novos animais adquiridos sejam oriundos de locais de excelência, com ótima performance reprodutiva. Além disso, todos os animais recém adquiridos devem ser avaliados quanto a exposição ao agente etiológico. Por outro lado, locais onde o parasito está presente, as medidas adotadas objetivam a diminuição da transmissão vertical, reduzindo o número de animais soropositivos e/ou diminuindo a transmissão horizontal do parasito pelo controle dos hospedeiros definitivos. Assim, o proprietário pode remover os animais positivos do seu rebanho, e realizar o controle de cães e outros canídeos selvagens, os quais são responsáveis pela contaminação das pastagens com oocistos do parasito. Por fim, outras medidas incluem: cuidados com a fonte de água dos bovinos, controle de roedores e cuidados durante o manejo reprodutivo dos animais, evitando a transferência de embriões oriundos de animais positivos (DUBEY et al., 2007).

Rotineiramente, os ensaios sorológicos são os métodos empregados para o diagnóstico da infecção por N. caninum. Dentre esses ensaios destacam-se a RIFI e o ELISA. A RIFI foi a primeira técnica sorológica utilizada no diagnóstico da neosporose, sendo utilizada como o teste de referência (ORTEGA-MORA et al., 2006). Entretanto, o ELISA apresenta vantagem por ser um ensaio cujo resultado é analisado objetivamente, além de ser possível processar um maior número de amostras simultaneamente (ORTEGA-MORA et al., 2006). Adicionalmente, o diagnóstico em fetos abortados pode ser realizado por meio da amplificação do DNA do parasito utilizando a PCR. Cérebro, coração e fígado são as amostras de eleição. Alternativamente, o diagnóstico pode ser realizado por meio de exames histológicos, principalmente de tecidos do sistema nervoso central, coração, músculo esquelético e fígado (ORTEGA-MORA et al., 2006).

Atualmente, a nossa empresa dispõe dos seguintes kits:

  • IMUNOTESTE - Neospora (RIFI) - Cão
  • IMUNOTESTE - Neospora (RIFI) - Bovino
  • IMUNOTESTE - Neospora (ELISA) - Bovino