Ehrlichia canis é conhecido como o principal agente etiológico da erliquiose monocítica canina (EMC) (NEER et al., 2002). Dentro da classe Alphaproteobacteria, ordem Rickettsiales e família Anaplasmataceae, essa espécie compreende organismos gram-negativos e intracelulares obrigatórios (DUMLER et at. 2001).
A EMC causada por E. canis induz sérias alterações clínicas e hematológicas, em alguns casos, podendo ser fatal (SAITO e WALKER, 2016). Experimentalmente, o curso da infecção pode ser dividido em três fases: aguda (2-4 semanas de duração), subclínica (meses a anos) e crônica. Vale ressaltar que em animais naturalmente infectados, a distinção dessas fases não é fácil. Na fase aguda da EMC, os sinais clínicos mais frequentes são: febre, depressão, apatia, anorexia, perda de peso, linfadenomegalia, esplenomegalia e palidez de mucosa, com achados laboratoriais de trombocitopenia, anemia, leucopenia e hiperglobulinemia. Após a fase aguda, advém a fase subclínica, caracterizada, entre outros sinais, por uma leve esplenomegalia, febre intermitente, leve trombocitopenia e anemia. Em alguns casos, essas alterações não são observadas. Por fim, a fase crônica é caracterizada por estomatite ulcerativa, edema de membros posteriores, distúrbios nervosos, dor cervical, hemorragias e epistaxes (MYLONAKIS et al., 2019). De modo geral, os cães infectados com E. canis permanecem parasitados por longo tempo.
A transmissão de E. canis para seus reservatórios vertebrados, os canídeos, é feita pelo carrapato da espécie Rhipicephalus sanguineus (BREMER et al., 2005). Experimentalmente, a transmissão de E. canis pelo carrapato da espécie Dermacentor variabilis já foi reportada (JOHNSON et al., 1998). Entre seus hospedeiros invertebrados, os carrapatos, as bactérias são mantidas por meio de ciclo transestadial, mas não transovariano (GROVE et al., 1975; SAITO e WALKER, 2016).
A E. canis possui distribuição mundial, e o controle da EMC em áreas endêmicas não é fácil. Entretanto, visando a interrupção do ciclo da bactéria, as seguintes estratégias são recomendadas: realizar um rígido programa de controle de carrapatos; identificar os animais infectados; e tratar os animais acometidos pela enfermidade (HAGIWARA et al., 2009). Além disso, o desenvolvimento de vacina contra a E. canis é uma abordagem promissora no controle da EMC. Apesar dos resultados animadores utilizando uma cepa atenuada de E. canis no controle da EMC tenham sido reportados (RUDOLER et al., 2012), até o presente momento, nenhuma vacina comercial contra a EMC está no mercado.
Como previamente mencionado, o diagnóstico da EMC é parte fundamental para o controle efetivo da enfermidade. Diferentes técnicas para o diagnóstico da EMC têm sido utilizadas, dentre elas destacam-se a sorologia, hematologia e a citologia. Entretanto, o diagnóstico definitivo da infecção por E. canis necessita do emprego de ferramentas moleculares, como a PCR (HARRUS e WARNER, 2011).
Várias abordagens sorológicas (RIFI, ELISA e imunocromatografia) foram desenvolvidas e são consideradas importantes no diagnóstico da EMC. Devido a inconsistência na produção de IgM durante o curso da doença, o ensaio de RIFIbaseado na detecção de anticorpos IgM anti-E. canis não é considerado um teste confiável para evidenciar a exposição ao agente. Por outro lado, animais apresentando títulos de anticorpos IgG ≥ 40 são considerados positivos. Para infecções agudas, dois ensaios de RIFI, com intervalos de 7-14 dias, são recomendados, e aumento de 4X no título de anticorpos é sugestivo de infecção ativa (HARRUS e WANER, 2011). Além da IFI, diferentes ensaios de ELISA, alguns baseados em proteínas recombinantes (rMAP2), outros em peptídeos derivados da proteína P30, além daqueles que utilizam antígenos totais, têm sido utilizados no diagnóstico da EMC.
Atualmente, a Imunodot aguarda o deferimento de pedido de registro junto ao MAPA dos seguintes kits:
- IMUNOTESTE – Ehrlichia (ELISA) – Cão
- IMUNOTESTE – Ehrlichia (TESTE RÁPIDO) - Cão