Theileria equi e Babesia caballi - Piroplasmose equina

A piroplasmose equina (PE) é uma doença infecciosa, transmitida por vetores artrópodes e causada por protozoários das espécies Theileria equi e Babesia caballi. A PE, que também é conhecida como babesiose equina, theileriose equina e malária equina, afeta todas as espécies de equídeos, incluindo os cavalos, jumentos, mulas e zebras (WISE et al., 2013; ONYICHE et al., 2019).

Após a infestação por carrapatos infectados, os animais geralmente apresentam sinais clínicos dentro de 12-19 dias para T. equi e 10-30 dias para B. caballi. Uma vez infectados, os animais podem apresentar diferentes sinais clínicos. Em geral, a infecção com T. equi resulta em sinais clínicos mais severos do que B. caballi e, a severidade desses sinais pode variar significativamente de uma região para outra – possivelmente refletindo a diversidade genética dos parasitos nas diferentes áreas. Na fase inicial da infecção os animais apresentam sinais clínicos inespecíficos, tais como: febre alta, anorexia, letargia, edema e palidez nas mucosas. Posteriormente, com o progresso da infecção, os equídeos podem apresentar icterícia, taquicardia, taquipneia, fraqueza e hemoglobinúria. Além disso, complicações do trato gastrointestinal (cólica e diarreia), do sistema respiratório (pneumonia), do sistema renal (nefropatia pigmentar) e do sistema nervoso central (ataxia e convulsões) podem surgir. Casos fatais estão comumente associados a hemólise e anemia causados pela infecção com T. equi (WISE et al., 2014).

Durante a fase crônica da doença, a infecção pode resultar em letargia, anorexia parcial, perda de peso e diminuição da performance. Leve anemia e um discreto aumento do baço podem ser observados. Em regiões endêmicas os animais acometidos, seja por T. equi ou B. caballi, geralmente são portadores assintomáticos. Entretanto, esses animais podem sofrer recaídas quando em condições de estresse por treinamento excessivo, por intercorrência de doenças debilitantes ou pelo tratamento com corticosteroides (WISE et al., 2014).

A enfermidade causa prejuízos significativos para equinocultura. As perdas econômicas incluem custos com o tratamento, abortos, controle dos vetores, diminuição da performance e com a morte dos animais. Além disso, os proprietários de animais oriundos de áreas endêmicas podem sofrer restrições de países livres da enfermidade, quanto ao trânsito desses animais (WISE et al., 2014; ONYICHE et al., 2019).

Biologicamente, T. equi e B. caballi são transmitidos por carrapatos ixodídeos. Várias espécies dentro dos gêneros Dermacentor, Rhipicephalus, Hyalomma, Ixodes, Haemophysalis e Amblyomma são vetores competentes. Além disso, esses protozoários são transmitidos via iatrogênica e transplacentária (SCOLES e UETI, 2015; ONYICHE et al., 2019).

Durante o ciclo biológico destes protozoários, tanto B. caballi quanto T. equi, irão passar por três estágios evolutivos: (1) esporozoítos, (2) merozoítos e (3) gametas. Apesar dessas semelhanças, há diferenças entre os ciclos biológicos dos protozoários nos seus hospedeiros. Resumidamente, durante o repasto sanguíneo realizado por carrapatos infectados, os esporozoítos de B. caballi inoculados em um hospedeiro susceptível – equídeos – invadem diretamente os eritrócitos, se transformam em trofozoítos e posteriormente em merozoítos. Os merozoítos se reproduzem assexuadamente promovendo a ruptura do eritrócito. Este processo resulta na liberação dos merozoítos na circulação sanguínea e com a infecção de novos eritrócitos. Por outro lado, os esporozoítos de T. equi invadem incialmente as células mononucleadas do sangue. No interior dessas células, os esporozoítos evoluem originando grandes esquizontes e então merozoítos, os quais após sua liberação na circulação infectam os eritrócitos. A contínua reprodução assexuada, tanto em T. equi quanto B. caballi, resulta em aumento da população de merozoítos e, consequentemente, de eritrócitos parasitados. Posteriormente, alguns desses merozoítos desenvolvem-se em gametas. Após a ingestão de eritrócitos infectados com merozoítos ou gametas de T. equi e/ou B. caballi, no intestino do carrapato inicia-se a reprodução sexuada com a combinação dos gametas e a formação do zigoto. Após a divisão, o zigoto originará os oocinetos que irão atravessar o epitélio intestinal do carrapato, colonizar a hemolinfa e chegar à glândula salivar. Neste local, haverá a formação do esporoblasto e, posteriormente, do esporozoítos. Esse último – o esporozoíto – é a forma infectante, e poderá ser inoculado em um novo hospedeiro durante o repasto sanguíneo (WISE et al., 2014).

As estratégias de controle e prevenção utilizadas variam entre as regiões endêmicas e não endêmicas. Em áreas endêmicas a prevenção é virtualmente impossível, e apenas medidas de controle dos vetores são implementadas. Por outro lado, em regiões não endêmicas, além do combate aos carrapatos, um rígido controle do trânsito de equídeos é realizado. Além disso, para que os equídeos possam entrar em países como os Estados Unidos e Canadá, é necessário que os animais sejam negativos frente aos ensaios sorológicos e moleculares. Por fim, certamente o desenvolvimento de uma vacina eficaz contra a PE é necessário para o combate à enfermidade (WISE te al., 2014).

Embora em países endêmicos como o Brasil o diagnóstico não seja utilizado como ferramenta auxiliar no controle da PE, a realização de tais ensaios podem contribuir para definir as medidas de tratamento, além de ajudar na avaliação do estado sanitário dos animais.

Diferentes abordagens têm sido utilizadas no diagnóstico da PE. O esfregaço sanguíneo corado é uma alternativa rápida e de fácil execução. Essa abordagem pode revelar estruturas sugestivas de piroplasmas, principalmente durante a fase aguda da doença. Em baixas parasitemias, resultados falsos-negativos são comuns. Nesse sentido, vários ensaios sorológicos foram desenvolvidos visando aumentar a sensibilidade do diagnóstico. Estes incluem a RIFI, ELISA, Western blotting e o teste de imunocromatografia. Além disso, as abordagens moleculares por meio da PCR, em todas suas variações, fornecem uma excelente ferramenta de diagnóstico (WISE et al., 2014; ONYICHE et al., 2019).

Atualmente, a Imunodot aguarda o deferimento de pedido de registro junto ao MAPA do kit:

  • IMUNOTESTE – Theileria equi (ELISA) – Equino